Este artigo apresenta um esforço analítico voltado ao desenho de políticas industriais e tecnológicas nacionais para a promoção de tecnologias associadas à emergência da Indústria 4.0. Para tal, inicialmente admite-se a hipótese que, tal qual se observa nas atividades manufatureiras globais, a hierarquização e a formação de redes de produção e inovação também tende a se reproduzir, com algumas variações, nas atividades de serviços intensivos em tecnologia que compõem o núcleo duro da indústria 4.0. A partir desta hipótese apresenta-se a proposição de uma tipologia de diferentes configurações das redes produtivas globalizadas voltadas a essas atividades. Segundo esta tipologia tais redes podem ser segmentadas em: (i) coevolutivas e atomizadas, (ii) com enforcement institucional, (iii) competitivas, (iv) com mandatos por competências, (v) com mandatos geográficos e (vi) redes de suporte à internacionalização. A partir desta tipologia, o artigo concebe um marco analítico para embasar a elaboração de uma estratégia nacional voltada à indústria 4.0 centrada no fomento às tecnologias de informação e comunicação. Parte-se do princípio de que a efetividade dessas políticas é, em grande medida, determinada pela adequação dos seus instrumentos às características específicas das redes que se procura fomentar. Expõe-se com isso, a sugestão de que quatro dimensões deveriam ser consideradas como condicionantes para a adequação dos instrumentos de política: tecnológica, institucional, nível de desenvolvimento da estrutura empresarial e competitividade sistêmica local. Como resultado da análise destes condicionantes sugere-se a necessidade de se readequar os tradicionais instrumentos de política industrial e tecnológica brasileiros. Por fim, também se sugere de acordo com a proposta de tipologia de configuração das redes, quatro estratégias possíveis de política industrial e tecnológica, as quais seriam mais ou menos adequadas e efetivas de acordo com as características assumidas por cada um destes tipos de rede. Estas estratégias situam-se basicamente em quatro eixos, que levam em consideração o grau de efetividade das políticas e o nível de desenvolvimento das competências tecnológicas locais. Materializam-se, deste modo, em: (a) desenvolvimento tecnológico local (quando há elevada efetividade das políticas e elevado nível de desenvolvimento das competências tecnológicas); (b) fomento a atividades de médio valor agregado, vinculadas à estrutura produtiva doméstica (reduzida efetividade e elevado desenvolvimento); (c). fomento à competitividade sistêmica e financiamento às empresas de base tecnológica (elevada efetividade e reduzido desenvolvimento) e, (d) incorporação de tecnologias e de fomento à sua difusão com vistas a aumentar a produtividade da estrutura produtiva (reduzida
Indústria 4.0 e as redes globais de produção e inovação em serviços intensivos em tecnologia: uma tipologia e apontamentos de política industrial e tecnológica
Antônio Carlos Diegues | José Eduardo Roselino
Middle income trap and heterogeneities inmanufacturing’s contribution to development: acomparative analysis between China and Brazil
Antonio Carlos Diegues | Qiuyi Yang
