Ordem e desordem internacional: Tendências do capitalismo contemporâneo
As condições excepcionais que marcaram o sistema de Bretton Woods alimentaram a ilusão de que o capitalismo pode ser facilmente disciplinado. Contudo, a crise dos “anos dourados” engendrou uma ilusão ainda mais perniciosa: a tese de que a dissolução do “compromisso Keynesiano” foi comandada pelas forças cegas e irrepresáveis do mercado livre. A substituição do voluntarismo por uma visão fatalista, recheada de “fins” – fim da utopia, fim da história, fim da geografia... – é um dos atributos mais salientes da era dita neoliberal. O reparo mais evidente a ser feito nesta visão caricatural diz respeito ao papel do Estado na configuração do capitalismo com dominância financeira: a despeito do protagonismo geralmente atribuído às forças do mercado, o papel dos Estados centrais – e particularmente dos EUA - foi fundamental no desenho desta nova ordem. Para ressaltar isto é necessário reconstituir a dinâmica que presidiu a transição do regime de Bretton Woods ao chamado “neoliberalismo”.