À medida que as mudanças climáticas continuam a representar ameaças cada vez mais severas aos ecossistemas e meios de subsistência humanos, a urgência por medidas de mitigação e adaptação não pode ser subestimada. Os compromissos e ações realizadas até agora se mostraram insuficientes para conter os impactos acelerados das mudanças climáticas, que superaram as previsões anteriores. Um fator chave no combate às mudanças climáticas é a transição de combustíveis fósseis para fontes de energia renovável, o que requer mudanças estruturais significativas, particularmente dentro do setor de energia – o principal contribuinte para as emissões globais de gases de efeito estufa. Essa transição, no entanto, é restrita por infraestruturas baseadas em combustíveis fósseis profundamente enraizadas e requer um compromisso substancial de recursos financeiros. Por meio de investimentos direcionados e instrumentos financeiros, o financiamento verde desempenha um papel vital na facilitação dessa transição sócio-técnica. No entanto, uma lacuna persistente no financiamento verde impede que a transição energética ocorra no ritmo necessário. Entre os mecanismos de financiamento verde, as políticas fiscais verdes – que abrangem impostos sobre carbono amplamente reconhecidos e subsídios governamentais, investimentos e apoio à pesquisa e desenvolvimento em tecnologias sustentáveis – têm um potencial substancial em acelerar a mudança para um sistema de energia mais limpo. Esta tese investiga o papel e o impacto das políticas de financiamento verde, focando em políticas fiscais verdes, no fomento de investimentos em energia renovável e na facilitação da transição crítica necessária para mitigar os impactos das mudanças climáticas. Para alcançar esse objetivo, uma sistematização bibliométrica que alinha análise de redes complexas, medidas topológicas e \textit{Structured Topic Modelling} (STM) é aplicada na primeira parte para identificar o estado da arte da literatura de financiamento verde, elucidando também os principais desafios do subcampo de financiamento de energia verde na realocação de recursos para a transição energética. Na segunda parte, é apresentada uma extensão do modelo DSK, um Modelo de Avaliação Integrada (IAM), bem como sua validação e a configuração de um cenário de referência representando um cenário \textit{business-as-usual} de alta emissão sem políticas, para ser usado em experimentos de políticas. Finalmente, a terceira parte realiza experimentos na versão estendida do modelo DSK para analisar o impacto das políticas fiscais verdes nas decisões de investimento dos produtores de energia e seus impactos macroeconômicos e climáticos. As principais conclusões desta análise indicam que uma combinação de políticas parece ser o caminho certo a ser seguido pelos formuladores de políticas, e outros tipos de políticas, como medidas regulatórias, parecem ser necessários se o objetivo é limitar o aumento da temperatura a 2 graus Celsius até o final do século. Além disso, o estudo indica que medidas adicionais devem ser direcionadas também ao setor produtivo e às suas emissões, não se restringindo somente à produção de eletricidade