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O Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), do Instituto de Economia da Unicamp, acaba de divulgar a edição referente ao primeiro trimestre de 2025 de seu boletim trimestral sobre o mercado de trabalho brasileiro. A publicação consolida e interpreta os dados da PNAD Contínua Trimestral do IBGE, oferecendo uma síntese acessível sobre os principais indicadores trabalhistas do país a partir de recortes socioeconômicos, regionais, de raça e gênero.

Entre os destaques do boletim, observa-se uma taxa nacional de participação na força de trabalho de 62,2%, com forte variação entre os estados — os menores índices foram registrados no Maranhão e em Alagoas (ambos com 51,4%), enquanto Mato Grosso (69,5%), Goiás (67,4%) e São Paulo (67%) figuram entre os mais altos. Já a taxa de desemprego nacional foi de 7,0%, com Pernambuco (11,6%) e Bahia (10,9%) entre os estados mais afetados.

A publicação também detalha a informalidade, que atingiu 46,6% dos trabalhadores ocupados. Na metodologia do Cesit, são considerados informais todos os trabalhadores sem acesso a direitos trabalhistas, o que inclui desde empregados sem carteira até autônomos e auxiliares familiares. Estados do Norte e Nordeste concentram os maiores índices, como Maranhão (66%) e Piauí (63,3%).

Outro dado que chama atenção é a taxa de subutilização da força de trabalho, que chegou a 15,9%. Em alguns estados, como Piauí (34%) e Alagoas (27,5%), essa taxa ultrapassa o dobro da média nacional, revelando uma combinação crítica de desemprego, subocupação e desalento. Entre os jovens de até 29 anos, a desocupação foi de 12,4%, com picos alarmantes nas faixas mais baixas: entre adolescentes de 14 a 16 anos, por exemplo, a taxa chegou a 27,4%.

O boletim também examina as razões alegadas pelas pessoas que deixaram de procurar trabalho. As principais são a ausência de vagas na localidade (22%), a dedicação aos cuidados com a casa e familiares (21,2%) e problemas de saúde (18,7%). Esses motivos, analisados com recorte de raça e gênero, ajudam a compreender as barreiras estruturais à inserção no mercado.

O rendimento habitual médio no país foi de R$ 3.410,20, com diferenças expressivas entre homens e mulheres em todos os estados — uma das mais evidentes manifestações da desigualdade de gênero no mercado de trabalho. No Distrito Federal, o valor médio ultrapassa R$ 5.500, mas foi excluído de comparações para evitar distorções.

Produzido pelas pesquisadoras Marilane Teixeira, Caroline Lima Oliveira e Clara Saliba, o boletim é resultado de uma parceria com o Fundo Brasil de Direitos Humanos.

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