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No programa Brasil Popular, José Dari Krein e Marcelo Manzano defendem centralidade do trabalho e criticam efeitos da financeirização e da reforma trabalhista

m entrevista ao programa Brasil Popular, transmitido pela TV 247, TV Brasil de Fato e Rádio Brasil de Fato, os professores José Dari Krein e Marcelo Manzano, ambos do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisadores do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), discutiram os desafios contemporâneos enfrentados pelos trabalhadores brasileiros e defenderam uma agenda de desenvolvimento centrada no trabalho como direito estruturante da cidadania.

O programa foi conduzido pela jornalista Teresa Maia e teve como tema central o “Direito ao Trabalho e Transformação Social”, indo ao ar na semana do Dia Internacional do Trabalhador, 1º de maio.

Krein destacou que o trabalho, além de necessário para a subsistência, deve ser reconhecido socialmente como elemento estruturador da vida e não apenas subordinado à lógica da acumulação capitalista. “O trabalho não pode ser visto apenas como dever, mas como um direito essencial à dignidade”, afirmou. Ele criticou os efeitos da reforma trabalhista de 2017, que aprofundou a fragmentação das relações de trabalho, enfraqueceu os sindicatos e ampliou a informalidade. Segundo Krein, essa reforma foi promovida com a promessa de gerar empregos, mas resultou na deterioração da qualidade do trabalho e em maior insegurança para os trabalhadores.

O professor alertou ainda para um julgamento pendente no Supremo Tribunal Federal que pode legitimar a pejotização generalizada, esvaziando os direitos trabalhistas e limitando a atuação da Justiça do Trabalho. Ele defendeu a valorização do trabalho digno e a criação de ocupações socialmente úteis, como serviços de cuidado e ações ambientais, financiadas pelo Estado. Para Krein, essas propostas precisam estar articuladas à redução da jornada e ao fim da escala 6×1, bandeiras centrais para a reorganização do tempo e da vida social.

Na segunda parte do programa, Marcelo Manzano abordou os impactos da financeirização sobre o mundo do trabalho e a economia brasileira. Segundo ele, desde os anos 1990, o Brasil adotou uma estratégia econômica subordinada à lógica do capital financeiro, o que comprometeu a capacidade do país de gerar empregos de qualidade e desenvolver um projeto nacional soberano. “Nos tornamos um país interessante para quem quer ganhar dinheiro valorizando riqueza velha, e hostil para quem quer produzir riqueza nova”, afirmou.

Manzano também destacou os efeitos desse modelo sobre a juventude. Segundo ele, muitos jovens se formam, mas não encontram colocação compatível com sua qualificação. A falta de perspectivas afeta seu projeto de vida e bloqueia possibilidades de desenvolvimento. Ele defendeu políticas públicas ativas para gerar ocupações que produzam bens comuns e melhorem a qualidade de vida coletiva.

Entre as propostas apresentadas, Manzano destacou a importância de o Estado financiar ocupações sociais, como atividades culturais, educativas, de cuidado e convivência, além de investir em setores estratégicos como o complexo econômico-industrial da saúde. Ele também sugeriu que o Estado entre na disputa com as plataformas digitais, criando alternativas públicas com melhores condições de trabalho.

“Não existe uma solução única, mas precisamos romper com o paradigma do equilíbrio fiscal a qualquer custo e retomar o planejamento do desenvolvimento. Isso exige coragem política e compromisso com a transformação social”, concluiu.

A entrevista completa com José Dari Krein e Marcelo Manzano está disponível no canal do programa Brasil Popular.


CESIT – Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho

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