Opinião de Giuliano Contento de Oliveira em matéria Jornal do Brasil.
A economia mundial vai crescer menos que as rápidas expansões anteriores, mas a retomada das atividades nos EUA deve evitar quedas abruptas nos preços das commodities, no momento em que a China muda sua matriz econômica. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia global vai crescer 3,1% em 2015.
Para o professor do Centro de Estudos de Relações Econômicas Internacionais da Unicamp, Giuliano Contento, a desaceleração global resulta, além do processo de mudança da economia chinesa – cada vez menos centrada nas exportações que no consumo -, da queda dos preços das commodities, também associada à China, e da perspectiva de normalização da política monetária dos EUA.
Se comparado às taxas em torno de 10% registradas em anos anteriores, a desaceleração da enorme economia chinesa reverbera em todo globo. O fundo projeta que o crescimento do país será de 6,8% este ano e 6,3% em 2016.

“Todos esses fatores acabam concorrendo para propiciar uma desaceleração da economia global em 2015. No próximo ano há uma retomada, mas não muito significativa. A consolidação do processo de retomada da economia americana, junto do processo de retomada na Europa pode acabar servindo de contrapeso a esse movimento de desaceleração tendencial da economia chinesa”, avalia Contento. “Mas um crescimento explosivo como visto no cenário recente não está no cenário de médio prazo”, diz o professor.
Entre as principais economias, os EUA devem crescer, segundo o FMI, 2,6% em 2015 e 2,8% em 2016. A previsão para a zona do euro é de crescimento de 1,5% em 2015 e 1,6% em 2016.
De acordo com Luciano Sobral, do banco Santander, o futuro da China divide analistas em duas correntes no mercado. “Tem gente que acha que China vai sofrer uma queda abrupta e parar de crescer. A tese que é mais aceita, no entanto, é de uma desaceleração chamada soft landing, a China pararia de crescer 10% e passaria a uns 7% para, daqui a talvez dez anos, crescer 4% ou 5%”, explica o economista.
“Em linhas gerais, a grande história de sucesso no mundo pelo menos nos últimos dez anos é o crescimento da China, com a população do país migrando para regiões urbanas e gerando um aumento de produtividade grande. Ao mesmo tempo, o país se tornava o grande vendedor de manufaturados e comprador de matérias-primas do mundo. Por muito tempo isto sustentou o crescimento global, enquanto Europa e EUA desaceleravam”, analisa Sobral.